segunda-feira, 23 de maio de 2016

O MEU PORTO

Não tenho grande memória de um ciclo de tão grandes desilusões com o meu Porto. Dizem-me que estou mal habituada. Talvez. Mas isto de ser Porto, de sentir Porto, é um processo complexo. É muito mais do que ser adepto de um clube. É renascer nas vitórias e morrer nas derrotas.

Os meus 31 anos de vida quase só me têm dado vitórias, alegrias e um orgulho imenso. Em 31 anos ganhei 20 campeonatos nacionais e 12 Taças de Portugal (entre os quais um Pentacampeonato e várias dobradinhas). Ganhei duas vezes a Liga dos Campeões, a Liga Europa e a Taça Intercontinental e ainda ganhei uma Supertaça Europeia.

Ninguém sabe o que é ser Porto mais do que eu. A minha é a mais privilegiada geração de adeptos em Portugal desde que há democracia. Não há nada que o Porto não me tenha dado e de tanto que me deu, conquistou para sempre o meu coração e tornou-se uma parte de mim. E hoje o meu Porto está doente. Está muito doente. E eu fico um bocadinho mais ferida todos os dias porque o quero ajudar e não consigo. E vou para junto dele e grito e encho-me de esperança de que ele melhore. Mas a doença consome-o. E eu assisto, impotente, incrédula. Hoje eu sei o que sentem os adeptos de outros clubes. E tenho pena deles. Porque dói, dói muito.

Ontem o treinador do meu Porto disse, no final de mais uma final perdida: "Fomos Porto em tudo menos no resultado". Não podia estar menos de acordo.
O Porto não foi Porto. O Porto, quando era Porto, ganhava!

Sobre o futuro, vai ser preciso muito dinheiro para rescisões e novas contratações, porque a equipa está destruída e o mais difícil é perceber por onde começar. Parafraseando o Miguel Guedes, lembremo-nos do que foi feito em 2002/03 após perdermos três campeonatos seguidos. Ganhámos juízo e fizemos história.

Independentemente do desfecho que esta história venha a ter, há uma coisa que eu sei, a única de que tenho a certeza: apesar de tudo, hoje sou um bocadinho mais Porto do que ontem e um bocadinho menos do que amanhã!

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