quinta-feira, 30 de maio de 2013

O que me dizem e eu não acredito...

Não há ninguém que até hoje me tenha dito que não gostou de estar grávida. Todas as mães que conheço, afirmam a pés juntos que é uma fase para cima de espetacular, tudo cor de rosa, sentem-se todas lindas e maravilhosas e por elas andavam sempre grávidas.
Pois...eu não concordo.
A gravidez tem uma certa piada, mas é longa como o raio. As semanas custam muito a passar e pelo menos enquanto não dá para sentir a Carolina, estou sempre à espera da próxima consulta ou da próxima ecografia. Nesse intervalo existe uma espécie de vazio.
Acresce a isso o facto de eu ter deixado de ser eu. Há mais de 3 meses que sobrevivo sem tomar café, mastigar uma chiclet ou até lavar os dentes com o dentífrico habitual. Tudo isto porque, do nada, passei a não suportar o sabor nem o cheiro da menta e do café.
Depois a tensão baixa ou a necessidade de comer a meio da manhã e da tarde, o ter que beber água quando não me apetece...é muita mudança num período tão longo. Caraças, as gatas despacham a coisa em dois meses. Nós andamos quase um ano. Não é justo.

Bem, em todo o caso, espero sinceramente que daqui a umas semanas venha a dar razão a todas as mamãs que adoraram estar grávidas.

E agora que estamos alegremente nas 14 semanas (ainda faltam 26!!!), ficam alguns dados:

Período de gestação decorrido - 14 semanas, 3 dias (2º trimestre)
Período de gestação por decorrer - 25 semanas, 4 dias
Data prevista para o parto - 25 de novembro de 2013
Peso da mãe - 62kg (2 kg perdidos desde o início da gravidez)
Peso aproximado da Carolina - 50 gr.
Comprimento aproximada da Carolina - 9,5 cm
Movimentos fetais - Não
Barriga - Ainda com aspeto de banha e não de bola
Melhor momento da semana - O babygrow cor de rosa com a vaquinha oferecido pela avó :)



segunda-feira, 27 de maio de 2013

O que eu não sou

Que eu sou uma Portista dos sete costados toda a gente já sabe. Todos sabem que vibro, e rio, e sonho, e choro e sofro com os resultados do meu FCP. Que tenho um grande orgulho nisso também. E provavelmente, aqueles que são adeptos como eu, compreendem que quando o Porto não ganha um campeonato, ou perde uma grande competição (felizmente não acontece com frequência!), eu sinto-me mais pobre. Este ano isso aconteceu com o Málaga. E doeu. Muito.
Minutos depois do jogo, como sempre, multiplicaram-se os comentários e as mensagens doentes dos adeptos dos clubes adversários. E, naquele momento de tristeza e de desânimo, foram muitos os comentários sádicos que magoaram, que nunca vou compreender e que vou sempre condenar. Felizmente o tempo passou e o reverso da medalha foi muito mais penalizador para aqueles que nos ridicularizaram no final do jogo com o Málaga. E nem eu esperava um final tão demolidor.
É evidente que fiquei muito contente com o desfecho da época do nosso principal rival. Mas fiz o meu festejo na minha casa, no meio de outros que sentem a mesma cor do que eu. Não provoquei o adversário. Respeitei a dor e a frustração como gostava que fizessem comigo.
Um verdadeiro adepto de futebol sente na alma as derrotas a as vitórias do seu clube. Um verdadeiro adepto sabe que do outro lado estão pessoas que sentem tal como nós. Um verdadeiro adepto respeita. E isso era algo que eu gostava de ver mais na nossa sociedade.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

As compras

Ontem fomos ao Continente e passamos na secção dos bebés só para dar uma espreitadela. O R. decidiu que ia começar a comprar algumas coisas básicas como o termómetro, a esponja de banho, o aspirador nasal. Assim que chegou pegou num termómetro e já o estava a enfiar no cesto.

Digo eu: Já pensaste que tipo de termómetro vamos comprar?
Ele: É um destes. (Na mão tinha um termómetro digital azul da marca Continente)
Eu: Mas esse é azul. Vê se encontras pelo menos branco ou bege.
Ele: Tem aqui mas é da Tigex e é muito mais caro.
Eu: Não achas melhor um termómetro de por no ouvido?
Ele: Isso custa 50€.
Eu: Pelo menos não precisas de despir a miúda de cada vez que lhe medes a temperatura.
Ele: Ok, vamos ver à Wells. Entretanto podemos já levar este aspirador nasal.
Eu: Como é que sabes que esse é o melhor modelo?
Ele: Silêncio. Passados uns segundos ele pergunta "E esta esponja natural?"
Eu: Abro a caixa, toco na dita esponja, torço o nariz e refilo "Isto parece lixa".
Ele: Quando se molha fica suave
Eu: Será? Vamos antes ver à Wells porque esta esponja não me convenceu.

Na Well's foi mais do mesmo, eu a torcer o nariz a quase tudo e a colocar 1001 questões. Claro que não compramos nada e o R. ficou com a certeza de que a escolha dos produtos para o bebé vai ser uma tarefa hercúlea. Entretanto já fiz uma lista do que vamos precisar que tem cerca de 50 itens. 

O primeiro acabei de adquirir online no Amazon.com. É da Braun e custou 27 euros, com portes incluídos:






quinta-feira, 23 de maio de 2013

Os contras...

Este estado acentuou o que de mais hipocondríaco existe dentro de mim...
É verdade. Tornei-me uma mariquinhas. Tenho receio que basicamente TUDO possa fazer mal à bebé e qualquer comichão já me deixa a pensar que pode ser algo potencialmente perigoso a revelar-se. Irrita-me. E por mais que tente não consigo evitar.
Todo o meu corpo anda muito preguiçoso. O intestino só funciona com laxantes e não posso estar muito tempo na mesma posição, seja sentada, deitada ou em pé, porque os músculos contraem e dói. Se faço uma caminhada mais longa também fico toda empenada. Uma simples caminhada...
Nesta última semana o sono tem-me atacado um pouco mais. Aguento o dia sem adormecer em frente ao computador mas a minha falta de energia é evidente.
Ainda só fui duas vezes ao Sr. de Matosinhos...algo se passa!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

13 semanas

Esta noite dormi mal...estava ansiosa com a ecografia! Mais uma. Desta vez não me assustava que alguma coisa pudesse estar mal mas sabia que a médica nos podia dar um palpite sobre o sexo do bebé. E estava a morder-me por isso.
Desde que soube que estava grávida tenho tentado relativizar a coisa. Mentalizar-me para o momento de saber se é menina ou menino e encarar a notícia com a mesma alegria, independentemente do resultado. Mas tem sido um esforço em vão. Enquanto a dúvida permanece, não consigo esconder que tenho uma clara preferência. Eu quero mesmo uma menina, embora o meu palpite desde sempre é que vai ser um menino. Tenho sido um bocado recriminada por manifestar abertamente essa preferência e não compreendo porquê. Serei assim tão má pessoa?
Ia a pensar nisto a caminho do CUF, quando ouvi na rádio Comercial que hoje é dia da Carolina. O R. que ia noutro carro ouviu a mesma coisa.
Já no consultório o R. diz à Dra. Filomena "Sra. Dra. hoje é dia da Carolina, veja se me dá uma boa notícia". A médica sorriu, iniciou o exame e pouco tempo depois disse "Carolina será. Não posso confirmar a 100% mas tudo indica que será uma menina".
Beemmmm...o meu coração disparou. Batia com tanta força que parecia que os meus membros estavam a mexer ao mesmo ritmo. Não fui capaz de articular uma única palavra. Passados alguns segundos tive que soltar uma gargalhada que estava a tentar sufocar e respirei fundo. Mas era um sentimento que parecia não caber dentro de mim e demorei alguns instantes a recompor-me. O R. ficou visivelmente contente. Quando está feliz sorri com os olhos e com todo o corpo. Diz que não sabe fazer meninos.
Eu continuo a achar que tudo pode mudar e não quero alimentar muitas esperanças. Mas confesso, fiquei inefavelmente feliz e a sensação foi ainda melhor do que aquilo que tinha imaginado.



sexta-feira, 17 de maio de 2013

ECOGRAFIA DO 1º TRIMESTRE

Hoje era um dia importante, era o dia da ecografia morfológica do 1º trimestre, que permite datar a gravidez, determinando o tempo exato de gestação. Esta ecografia é também capaz de observar a anatomia do feto e detetar anomalias no sistema nervoso central, coluna vertebral, membros, etc e é também uma boa ferramenta para o rastreio de doenças dos cromossomas como a trissomia 21, através da análise de parâmetros como a translucência da nuca e os ossos do nariz.
Indicaram-me que estivesse na Maternidade às 9h30 e assim lá fomos. Estava um bocado ansiosa, como aliás estou quase sempre que vou fazer ecografias e, por via das dúvidas, enfardei dois pães com manteiga e um leite com chocolate para acalmar os nervos.
Estivemos à espera nada mais nada menos do que 2h30...nesse intervalo eu já tinha ameaçado que me ia embora umas 3 vezes. Nada a fazer. A Sra. Dra. estava numa reunião e atrasou-se. Azar o meu, pois claro.
Eram 11:50 quando nos mandaram entrar no consultório. Eu já nem tinha cor de tão passada que estava. Lá me deitei na maca e logo apareceu a minha pequena pulga no ecrã. Enquanto o médico não vira o ecrã para eu ver também, limito-me a olhar para as expressões deles (do R. e do médico) para perceber se está tudo bem. O pai sorria e isso era bom sinal.
Como o médico nunca mais me deixava ver nada resmunguei e então lá me fez a vontade.
A minha pequena pulga, que agora já tem 6 centímetros, estava como de costume aos saltinhos e a mexer os braços e as pernas. O médico fez a medição da translucência da nuca e, perante o meu interesse, respondeu-me que o resultado era "perfeito".
Entretanto, o pequeno já tem 12 semanas e 4 dias e a data prevista para o parto voltou a antecipar, já estamos em 25 de novembro.
Todos os restantes parâmetros estão normais e por isso podemos seguir para bingo. Ainda tentei sondar o médico sobre o sexo do bebé, mas ele não quis arriscar. Mas eu sei que se for uma pila já se consegue ver grande parte das vezes, portanto, se não se viu, renova-se a minha esperança até segunda-feira :)
No final, quando olhavamos para a fotografia da eco, eu insisti "Tem o meu nariz". O pai, pensativo, rematou "E a minha barriga..."



quinta-feira, 16 de maio de 2013

12 semanas...

Olá bebé,
Hoje fazes 12 semanas : ) Medes aproximadamente 5,5 cm e pesas uns 15 gramas. Estão também a crescer-te unhas nas mãos e nos pés. Estás um feijão muito crescido!
Já reages quando me sentes tocar na barriga, embora eu ainda não te consiga sentir.
Por esta altura já és um menino ou uma menina, mas provavelmente ainda não se vai conseguir ver na ecografia de amanhã. Tenho uma esperança secreta que na segunda-feira a Dra. Filomena consiga descobrir.
Se fores uma menina eu, o teu pai e a tua irmã vamos ficar muito felizes. Ah, e a tua prima também. Mas talvez prefiras fazer a vontade aos teus avós, que querem que sejas um menino, e os teus tios também. Já a bisavó está indecisa e a sonhar com raparigas. Sejas menino ou menina, ninguém vai gostar tanto de ti como eu.
Entretanto, já escolhemos o teu berço. Não vamos comprar já mas é muito giro, vais adorar.
Ah, quase me esquecia. Obrigada por teres parado de me enjoar. Ainda não estou a 100% mas isto assim aguenta-se bem melhor. Sim, eu sei que não gostas muito de sopa, fico sempre mal disposta quando a como. Mas faz-te bem. E aquela água toda que bebo durante o dia é mesmo necessária. Não adianta reclamares.
Ontem surripiei umas calças à tua avó. Estás a ficar espaçoso e as minhas não apertam.
Amanhã eu e o pai vamos ver-te de novo. Vamos fazer uma ecografia muito importante para ver se estás a desenvolver bem. Comporta-te ok?


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Porque nunca se apaga a nossa luz...

Eu não acreditava. Admito. Já tinha entregue o campeonato há muito tempo. Tudo correu mal e quando nos dava jeito um pouquinho de sorte, nem vê-la. Nem nos meu sonhos mais otimistas imaginei os vermelhos a perder pontos com o Estoril, em casa. E por isso, a minha esperança neste final de época era nula. O excesso de confiança deles contagiou-me. Acreditei que eles estavam realmente tão fortes como queriam fazer parecer. Mas o campeonato tem 30 jornadas e é preciso correr até ao fim.
Perdidos os pontos contra o Estoril, o nosso adversário voltava a dar-nos a possibilidade de dependermos só de nós próprios. Erro crasso. Uma benesse dessas não se dá a uma equipa como o FCP.
No sábado saí de casa com a I. quando o jogo começou. Fomos dar uma volta ao Sr. de Matosinhos para me tentar abstraír. A primeira parte aguentou-se bem. Mas à medida que os minutos iam passando eu estava a ter cada vez mais dificuldade em não pensar no assunto. Aproveitei um momento em que ela foi andar num carrossel e corri até à barraca mais próxima com televisão. 1-1 aos 69 minutos de jogo. “Que caraças, queres ver que não vamos ganhar a estes vermelhos!” Deixei-a andar nos carrosseis todos que ela quis. Enquanto ela andava, eu espreitava o jogo. E nada...sempre o mesmo resultado e já estavamos nos 86 minutos. “Eu não acredito!”. Nessa altura mais pessoas começaram a juntar-se ao redor do ecrã e eu decidi que não aguentava não ver os últimos minutos. A dúvida era o pior dos tormentos. E assim ficamos em frente ao ecrã, ela a lambuzar-se com um enorme pedaço de algodão doce. Eu, de mãos entrelaçadas a esgotar a minha fé naqueles instantes derradeiros.
Não sei explicar o que senti quando marcamos o golo. Talvez um misto de incredulidade e de euforia. Não me lembro bem. As pessoas à minha volta, desconhecidas, abraçavam-se e gritavam, enquanto outros se ajoelhavam. O meu primeiro pensamento foi para os meus companheiros de sofrimento Portista que estavam em casa a ver o jogo. Nessas alturas penso sempre em piripaques cardíacos e coisas do género. O segundo foi para os nossos adversários. Que frustração! Não tive pena porque era matar ou morrer, mas desejei nunca ter de passar pelo mesmo que eles. Faltou coragem ao nosso adversário e essa foi desde sempre a nossa maior arma.
Agora que só falta um jogo e já passamos as meias, venha de lá essa final.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Ó Senhor de Matosinhos...

Eu sou pessoa de festas populares, de romarias, de feiras medievais, de fogos de artifício. Estou em todas, sempre que posso. O mês de maio dá quase sempre início às festividades, começando com esse grande marco que é o Senhor de Matosinhos. Confesso que, desde que me tornei matosinhense, o meu “guilty pleasure” durante essas 3 semanas de romaria é chegar a casa ao final da tarde e sentir o cheirinho dos pimentos e da sardinha assada. Nunca me canso. E gosto de andar no meio das pessoas, de comer uma fartura quase todos os dias e de visitar as barraquinhas de artesanato. O Senhor de Matosinhos começa hoje e prolonga-se até 2 de junho. Eu vou lá estar, a bem dizer quase todos os dias.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Já???

No início de fevereiro, quando a caixa da pílula acabou, decidimos meio em cima do joelho que não voltaria a tomar. Combinamos que iria fazer análises e começar a tomar o ácido fólico como a médica tinha recomendado. Em meados do mês fiz as análises e no final o mês viajamos para Londres. No início de março, terminava o ciclo, mas o período não apareceu. “É normal os ciclos desregularem depois de tantos anos a tomar a pílula”, pensei. Esperei uma semana, duas, três... e foi só no final de março que comecei a achar o atraso suspeito. Sabia que era possível mas muito improvável estar grávida e por isso convenci-me logo que tinha um problema hormonal e que teria de fazer 345 tratamentos de fertilidade. Um desses dias tomei o pequeno almoço como sempre e fiquei empanturrada. A sensação de não estar a fazer a digestão era terrível e fiz um imenso esforço por me alimentar ao almoço. A tarde foi ainda pior e depois já nem consegui jantar. Foi nessa altura que decidi por termo à dúvida. Isto depois do R. estar há já vários dias a tentar mentalizar-me de que o mais certo era estar grávida. “Mas não é possível”, dizia eu. “Quando começamos a tentar eu já estava no 25º dia de ciclo e o período fértil ocorre por volta do 14º”. E assim continuei a bombardeá-lo com as minhas teorias enquanto ele me lançava olhares irónicos e provocadores. Não demorou muito para confirmarmos que ele tinha razão e desta vez até nem me importei com isso.
Na primeira visita à médica eu não sabia bem o que me esperava, nem o que iria ver no monitor. Deitada na maca, naquela terrível posição de perna aberta, só consegui ver um pequeno ponto preto. Aquilo não era muito esclarecedor, nem era exatamente o que esperavamos ver. E assim viemos embora para casa, com a promessa de voltar em 15 dias para ver a evolução da coisa. Por essa altura já estavamos em abril e eu sentia-me mesmo mal. Os enjoos eram diários. Comer passou a ser um enorme sacrifício. O sono derretia-me a mente e dava por mim a adormecer em sítios como a sanita. O anteriormente agradável cheiro do café era agora insuportável e os meus dias apáticos pareciam durar uma eternidade.
No dia em que regressamos à médica, o pequeno ponto preto tinha crescido e ganho vida. Assemelhava-se agora a um pequeno feijão onde uma das extremidades pulsava. Rapidamente percebi que aquilo era um pequeno coração e que havia vida dentro de mim. Tudo certo com a sementinha, agora era só crescer! Não fiquei completamente convencida. Fora os enjoos e o sono não havia nada que me fizesse sentir grávida. A bem da verdade, não havia nada que me fizesse sentir bem. E eu recriminava-me por isso. Não era suposto andar sempre a sorrir e feliz? Eu não tinha vontade de sorrir e muitas vezes nem de me levantar da cama.
Pelo final de abril, comecei a sentir ligeiras melhoras. O meu sono durante o dia já não era tão intenso e passei a conseguir alimentar-me melhor, apesar das naturais limitações por não estar imune à toxoplasmose. Por essa altura estaria grávida de aproximadamente 9 semanas. Entretanto, e após uma espera que me pareceu eterna, chegou finalmente o dia da ecografia na Maternidade. A simpática enfermeira informou-nos de que iriamos fazer o rastreio bioquímico e a ecografia morfológica do primeiro trimestre, dois exames muito importantes para despiste de doenças como a síndrome de down ou as trissomias 21 e 18. Eu ia animada. Sentia-me melhor e queria muito ver como estava a crescer a pulga, afinal de contas há já um mês que não tinha notícias. Primeira felicidade do dia: a ecografia já não é feita de perna aberta! Segunda felicidade: Assim que o médico encostou o aparelho à minha barriga eu vi-o. Cresceu tanto a minha pulga. Já mede 4 centímetros e pesa aproximadamente 5 gramas. Estava deitado aos pulinhos, a mexer as pernas como se não houvesse amanhã. Vimo-lo de todos os ângulos para comprovar que tinha todos os membros formados. E não falta lá nada. Ainda pudemos ver aquele nariz arrebitado que, tenho a certeza, é igual ao meu. O pai sorria, embevecido, como se fosse a primeira vez. Ainda olhei para ele uma ou duas vezes mas ele não tirou os olhos do ecrã. Estavamos felizes. Foi um momento mágico.
Daqui a 1 semana teremos de lá voltar porque o feto precisa crescer mais um bocadinho para que se possa fazer a medição da translucência da nuca, etc. Por isso no dia 17 lá estaremos novamente para o ver de novo. Nessa altura já terá 12 semanas, o que equivale aos 3 meses. A ecografia estimou como data prevista para o parto 28 de novembro. Pelo caminho o R. dizia “A Carolina tem o teu nariz arrebitado, estou tramado”. Eu sorri. Para ele é Carolina desde o primeiro dia. Ele atesta com convicção que sabe o que fez e não há nada que o convença do contrário. Gostava que ele tivesse razão. Eu sempre achei que vai ser um João Tomás. E quanto mais ele cresce mais me convenço disso. Mas seja o que for, agora já não é muito importante.



terça-feira, 7 de maio de 2013

O outro amor

Eu tinha 5 anos quando o meu pai me tornou sócia dessa grande instituição que se chama Futebol Clube do Porto. Lembro-me bem. Tinha um cartão enorme, branco, com a minha fotografia sem dentes e cheia de sardas ao lado do símbolo do clube e onde por baixo podia ler-se INFANTIL. Uauuu...como me enchia de orgulho aquele cartão. E como eu gostava dos domingos passados nas Antas, sentada ao lado do meu pai numa almofada desdobrável, que também me foi oferecida, e que qualquer adepto que se dignasse tinha que ter. E eu era uma adepta a sério! Nos dias de jogo levava sempre uma lancheira de palha, que eu adorava, onde a minha mãe colocava pão e sumo para o lanche, às vezes um Bollycao, e que depois eu enchia de rebuçados e chiclets Gorila, que comprava com moedas de 2,5$ no café por baixo de casa. Por vezes, também assistíamos a jogos de outras modalidades mas não tenho grande memória desses eventos. O que eu gostava mesmo era de ver o futebol. Uma bela tarde de verão (estava mesmo calor!), pedi ao meu pai 50$ para comprar uma garrafa de água ao vendedor que ia a passar junto ao relvado. Nós estávamos sentados sensivelmente a meio e a descida era pacífica, mas teria uns bons 30 degraus para subir depois. Nada que fizesse parte das minhas preocupações aos 7 anos. Enquanto corria escada abaixo com a moeda na mão ouvi o meu pai resmungar ao longe "Vais cair, Daniela!". Num ápice cheguei ao relvado e comprei a garrafinha de água. Na corrida da subida, sensivelmente a meio, e como já era gordita nessa altura, tropecei e estampei-me. A garrafa de plástico rebentou e o meu joelho esquerdo bateu mesmo na esquina do degrau. Epá, que dor do caraças! Antes de me ter conseguido levantar o meu pai já se tinha precipitado escada abaixo e estava junto a mim. Um joelho em muito mau estado e uma mão esmurrada davam direito a um regresso a casa antecipado para uma sessão de curativos. Resmunguei. Não queria ir embora. Nem tinha bebido a água e ainda faltavam 45 minutos de Porto. Não adiantou. Essa foi a única vez que abandonei um jogo do FCP antes do final da partida. Entretanto fui crescendo, fomos ganhando tudo o que havia para ganhar e essa paixão que me enche a alma, e que é algo que há muito deixei de tentar explicar, tornou-se parte da minha vida. Sei que sou uma pessoa muito mais feliz por ser Portista. Este sábado queria estar no Dragão, queria fazer parte daquela massa humana que vai estar a apoiar os nossos jogadores, fazendo-os acreditar que afinal ainda é possível sermos Campeões. Podemos não ser capazes, afinal tudo o que podia correr mal ao longo da época correu...mas queria tanto poder lá estar! Não vou estar. Não tenho o dom de controlar as minhas emoções, sobretudo no que ao FCP diz respeito. E por isso vou ficar em casa, e nem vou ver o jogo para não sujeitar a minha pequena pulga a tamanho stress. Também um dia quero poder levá-lo(a) ao estádio e quero que ele(a) sinta essa magia que é ser Portista!

Dia 1

Esta nova fase da minha vida tem sido uma aventura e tanto. E a verdadeira aventura ainda nem começou! Mas cada dia é uma nova experiência, um novo sonho, uma nova aprendizagem. Quando o ano de 2013 começou e esbocei alguns planos para os 12 meses que se seguiam, imaginei um ano difícil, de muito trabalho, com menos viagens e menos dinheiro para gastar. Queria trocar a mobília do quarto e finalmente visitar Londres no final do inverno. Paris ficaria para o outono. Queria aproveitar os fins-de-semana livres para descansar no campo. Queria arrancar o R. cedo da cama ao fim-de-semana para irmos correr à beira-mar. E fiz todos estes planos a dois. Com o meu companheiro da vida. A minha meia-laranja. De repente, num ápice, deixamos de ser dois e passamos a ser 3... A minha primeira reação foi de absoluta incredulidade. "Ainda há uns dias tomava a pílula, como é que raio posso estar grávida?" Depois disso não me lembro de nenhum momento de euforia ou pânico, embora o assunto estivesse sempre a ocupar os meus pensamentos. Odiei os dias intermináveis de enjoos ou aquele sono que não me deixava ter energia para nada. Lamentei as mudanças que estava a sentir, que não me deixavam ser eu, e aquela apatia durante dias a fio. Mas no momento em que vi aquelas duas pernitas saltitantes e aquele nariz arrebitado, senti-me diferente. Ver aquele pequeno ser humano de 4 centímetros aos pulos foi um indescritível momento de felicidade. Foi aí que o sonho se tornou real :)