quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

A PRIMEIRA COMPRA

A primeira e única aquisição até ao momento, dos saldos da Zara.

16 SEMANAS

Já tinha sentido uma ou outra vez mas agora tenho a certeza absoluta. Já sinto o bebé mexer. Fico ali quieta, quase sem respirar para perceber melhor os movimentos mas começam a ser mais nítidos a cada dia, e quase sempre na mesma zona. É ele, agora tenho a certeza.

Sentir o bebé é um descanso para a minha alma atormentada e sem dúvida o melhor que a gravidez tem. Na verdade, é a única coisa de que gosto e é uma experiência incrível. Daqui para a frente, estes estalinhos vão ser a companhia dos meus dias, até se tornarem em pontapés e piruetas bem mais percetíveis.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

14 SEMANAS

A minha obstetra ligou-me hoje para me informar que está tudo bem com os resultados do rastreio bioquímico. O rastreio bioquímico permite a identificação das grávidas que têm risco aumentado de que o bebé apresente uma anomalia congénita. Não sendo um exame de diagnóstico, dá-nos a probabilidade de ter um bebé com problemas. Estar tudo bem é, sem dúvida, uma notícia que me deixa muito feliz e aliviada.

Entretanto temos 14 semanas, o que significa que o bebé é, aproximadamente, do tamanho de uma pera, ou seja, mede entre 7,5 e 9,5 cm e pesa entre 24 e 43 gramas :)

Eu dediquei o meu fim-de-semana a separar as roupas que me restavam da Carolina. Aproveitei alguns interiores e babygrows de cor neutra. Não as vou despachar já porque o seguro morreu de velho e ainda não tenho a certeza absoluta de que é mesmo um rapaz que ai vem. Em todo o caso adiantei trabalho, enquanto tenho autorização para me ausentar da cama.

Entretanto, ontem fui com a Carolina ao circo e foi tão giro ver o entusiasmo dela. Chegou a casa completamente eufórica e à noite deitou-se na cama tão exausta que adormeceu passados segundos.

Os dias vão passando, está um frio de rachar e seguimos agora mais tranquilamente. O cansaço e o sono parecem não dar grandes tréguas, ao contrário do que eu esperava. A próxima consulta é às 17 semanas, no início de fevereiro e entretanto os dias crescem e a primavera está a chegar.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

DAS COISAS EM QUE ME METO

Quarta-feira, 6 de novembro, 7h30 da manhã
Levanto-me, abro o pacote, aponto, urino, e fecho os olhos. O Ricardo entra:
- Então?
Estou com aquilo na mão, a olhar para o símbolo e para as instruções ao mesmo tempo.
- Então?
- Então, estamos lixados.
- Estás grávida?
- Pois estou.
- Eu disse-te.
Sim já tinhas dito, e eu já sabia muito antes de me dizeres. Mas não te digo isso, estás demasiado entusiasmado. Mais do que eu, que me demoro a olhar para o teste, sem conseguir pensar em nada.
- Não vamos contar às miúdas. Nunca se sabe como vai correr e não quero que tenham uma desilusão depois.
Saímos para trabalhar e consigo uma consulta com a minha obstetra para o dia seguinte. Tudo certo, não se vê nada mas começo a tomar Ácido Fólico e Iodo. Passa a primeira semana e o único sintoma são as mamas que crescem e aquela sensação de me estarem a espetar agulhas nos mamilos. Fora isso sinto-me a rainha do pedaço. Como que me farto e não tenho um único enjoo. Maravilha! Tenho muito sono e muito frio mas isso aguenta-se bem. Isto vai ser canja!

Sexta-feira, 15 de novembro, 18h00
Hoje fui à medica. Já deu para ver o saco e a vesícula vitelina, tudo a evoluir bem. Diz que estou de 5 semanas e uns picos. Entretanto, digo-lhe que me sinto fantástica e desta vez nem enjoei. Lá me avisa que ainda é cedo para enjoos mas não lhe ligo nenhuma. Sigo o meu caminho, sempre cheia de frio, a bater o dente. A meio da manhã começo a sentir uma ligeira pressão no estômago. Deve ser fome, penso. Como e não melhora. Chego a casa ao fim do dia e arrasto o cu até ao IKEA para comprar móveis para a sala. Chego ligeiramente mais aliviada e até consigo jantar. Fixe, foi só um dia menos bom mas já estou nova.

Quarta-feira, 20 de novembro, 22h00
Não vou aguentar isto. Estou enjoada desde sábado de manhã. É acordar até dormir com esta sensação de que o estômago vai saltar pela boca. Alguém tira um café. Aquele cheiro do demo entra-me pelas narinas e repreendo um vómito. Tenho ar a sair por várias as partes do corpo, sem que seja capaz de controlar. Aos enjoos somo as diarreias que andavam adormecidas. Eu andava tão bem, tão airosa, até tinha ganho peso. Já pareço outra vez uma lula e o meu ar é tão macilento que sou obrigada a contar no trabalho que estou grávida.

Quinta-feira, 21 de novembro, 15h00
Como é que me fui meter nisto? Onde é que estava com a cabeça? NÃO VOU AGUENTAR! Porque é que lhes chamam enjoos matinais, se duram o dia todo? Ah, isso vai passar, tens que aguentar, só tu é que podes passar por isso. Vão todos pastar, sim? E já agora sabichões digam-me quando, digam-me quando é que vai passar! Exijo um deadline.

Sexta-feira, 22 de novembro, 17h00
Há dias maus e dias muito maus. Não há dias razoáveis e muito menos dias bons. A comida passou a ser o meu inimigo número um. Quando se aproxima a hora de uma refeição é um 31, com direito a drama e choradeira. Que tal uma paulada na cabeça e acordar daqui a 2 meses? Era menina para alinhar...

Segunda-feira, 25 de novembro 16h44
Já não posso olhar para a minha cara de lula. Até ela me enjoa. Será que me safo deste mau estar até ao fim do ano? Hoje de manhã a balança registava 58,9 kg, 2 kg a menos, que maravilha! Dou um passo trôpego atrás do outro, tenho a cabeça à roda e só penso que fiquei felicíssima por ter comido 1 pão, bebido 1 chávena de chá, 1 maçã assada e uma asa de peru junto com 3 batatas, desde as 8h00 da manhã.

Terça-feira, 27 de novembro, 20:30
Já jantei. Não foi muito mau desta vez. Está um prato de rabanadas em cima da mesa e tem muito bom aspeto. Sinto-me tentada a provar mas imagino o sabor doce na boca e desisto da ideia. Continuo a olhar para as rabanadas. Pego ou não pego? Não pego. Ao invés disso opto por roubar um bocadinho ao Ricardo, só para provar. Já nem sei se sabe bem ou mal, esta bola na garganta não me deixa sentir nada!

Quarta-feira, 27 de novembro 10h37
Acordo de manhã e penso que preciso de lavar os dentes. Até sinto a coluna ranger só de imaginar aquele sabor. Repreendo um vómito. Só mais um. Desculpem o pormenor descritivo mas preciso de escrever para me lembrar, para nunca mais me esquecer. Para não voltar a ter semelhante ideia. 7 semanas...só faltam 33.

Segunda-feira, 2 de dezembro 13h05
São 8 semanas. Nada de alegria, nem entusiasmo. Só mau estar, tristeza, desalento, desanimo. Uma espera sem fim por dias melhores, dias que só pioram. Subo à balança e ela recorda-me que 3 kg já se foram e não me lembro de me sentir tão mal em toda a minha vida, por tanto tempo seguido. Não há um dia bom para animar. Nada me alegra e só o som de vozes me incomoda. Não tenho paciência para ninguém, nem sequer para a Carolina e assisto impávida ao adensar deste abismo entre nós. Já só quer o pai, e como eu a compreendo. O sentimento de culpa consome-me mas sigo a minha caminhada solitária, cada vez mais isolada, cada vez mais distante, cada vez mais desesperada, cada vez mais irreconhecível. Se pudesse dormia de dia e de noite e nunca me levantava da cama.

Quarta-feira, 4 de dezembro 16:13
8 semanas, 4 dias. Os nossos corações batem juntos agora, o dele/a a uma velocidade estonteante. 171 bpm de um coraçãozinho minúsculo num corpinho em formação com quase dois centímetros. E é uma emoção do caraças. Esqueces enjoo, esqueces diarreia, esqueces tudo e pedes-lhe desculpa um milhão de vezes pelas lágrimas que choras de cada vez que te sentes desesperar pelo mau estar que te causa.

Segunda-feira, 9 de dezembro, 11:54
Os dias têm sido um pouco menos penosos. Continuo a ficar enjoada mas forço-me a comer e alivia um pouco. Os dias são agora suportáveis, embora continue a sentir muita necessidade de descansar e dormir. O intestino está agora parado há alguns dias, vamos ver o que se segue. As mamas parecem pedra, duras, cheias, e o mais pequeno toque é capaz de me fazer gemer de dor. Quanto a mim, continuo insuportável, na maior parte do tempo, mas sinto-me menos desanimada e já consigo sair de casa ocasionalmente sem ser para fazer o percurso casa-trabalho-casa. Daqui a menos de 1 mês farei, se Deus quiser, a ecografia das 13 semanas e o rastreio bioquímico.

Quinta-feira, 12 de dezembro, 17:54
O meu intestino parou. Das insuportáveis diarreias à prisão de ventre, a máquina agora não trabalha sem um microlax. Se prefiro isto às diarreias, claro que prefiro, mas não é agradável, ter a barriga sempre inchada e aquela sensação de que preciso de evacuar mas não tenho vontade.
Amanhã tenho consulta e vou ver novamente a pulguinha, se Deus quiser. Depois resta-me uma longa espera até ao dia 8 de dezembro para a eco das 13 semanas. A boa notícia do dia é que estamos em cima das 10 semanas, ou seja. 25 por cento do processo. 

Quarta-feira, 18 de dezembro, 15:18
Fui à consulta das 10 semanas na sexta-feira e estava tudo bem com o feijão. Mexia os braços e as pernas e dava pulinhos, uma alegria! O intestino voltou a funcionar. Ainda não é o regabofe de há 15 dias mas as picadas na barriga prometem. Os enjoos não há meio de irem de vela e no meio disto tudo faltam 3 semanas exatas para fazer a ecografia das 13 semanas. Pelo meio há um Natal e uma passagem de ano e eu já fico contente se não adormecer antes da meia noite.

Quarta-feira, 8 de janeiro de 2020, 17:07
Passaram as 3 semanas, lá se foi o Natal e a passagem de ano, pelo meio uma ida às urgências por perda de sangue. Nada que uns dias de descanso e Progeffik não resolvam, mas não ganhamos para o susto. Entretanto, 13 semanas e 2 dias, nova DPP para 13 de julho e tudo bem no reino do pequeno príncipe. Parece que à terceira o meu homem lá conseguiu fazer uma pila ;)
Está histérico e eu gostava de me sentir assim eufórica. Estou só feliz, por estar tudo bem, por ter visto mãos, pés, ossos de nariz e essas coisas todas mas não ter preferência quanto ao sexo tira muito entusiasmo à coisa porque eu ficaria feliz de qualquer maneira.

Agora que já é real, que os enjoos quase se foram, que o susto parece ter sido só isso mesmo, espero tirar um bocadinho mais de proveito desta segunda barriga.

Tomás, com 13 semanas