quarta-feira, 8 de maio de 2013

Já???

No início de fevereiro, quando a caixa da pílula acabou, decidimos meio em cima do joelho que não voltaria a tomar. Combinamos que iria fazer análises e começar a tomar o ácido fólico como a médica tinha recomendado. Em meados do mês fiz as análises e no final o mês viajamos para Londres. No início de março, terminava o ciclo, mas o período não apareceu. “É normal os ciclos desregularem depois de tantos anos a tomar a pílula”, pensei. Esperei uma semana, duas, três... e foi só no final de março que comecei a achar o atraso suspeito. Sabia que era possível mas muito improvável estar grávida e por isso convenci-me logo que tinha um problema hormonal e que teria de fazer 345 tratamentos de fertilidade. Um desses dias tomei o pequeno almoço como sempre e fiquei empanturrada. A sensação de não estar a fazer a digestão era terrível e fiz um imenso esforço por me alimentar ao almoço. A tarde foi ainda pior e depois já nem consegui jantar. Foi nessa altura que decidi por termo à dúvida. Isto depois do R. estar há já vários dias a tentar mentalizar-me de que o mais certo era estar grávida. “Mas não é possível”, dizia eu. “Quando começamos a tentar eu já estava no 25º dia de ciclo e o período fértil ocorre por volta do 14º”. E assim continuei a bombardeá-lo com as minhas teorias enquanto ele me lançava olhares irónicos e provocadores. Não demorou muito para confirmarmos que ele tinha razão e desta vez até nem me importei com isso.
Na primeira visita à médica eu não sabia bem o que me esperava, nem o que iria ver no monitor. Deitada na maca, naquela terrível posição de perna aberta, só consegui ver um pequeno ponto preto. Aquilo não era muito esclarecedor, nem era exatamente o que esperavamos ver. E assim viemos embora para casa, com a promessa de voltar em 15 dias para ver a evolução da coisa. Por essa altura já estavamos em abril e eu sentia-me mesmo mal. Os enjoos eram diários. Comer passou a ser um enorme sacrifício. O sono derretia-me a mente e dava por mim a adormecer em sítios como a sanita. O anteriormente agradável cheiro do café era agora insuportável e os meus dias apáticos pareciam durar uma eternidade.
No dia em que regressamos à médica, o pequeno ponto preto tinha crescido e ganho vida. Assemelhava-se agora a um pequeno feijão onde uma das extremidades pulsava. Rapidamente percebi que aquilo era um pequeno coração e que havia vida dentro de mim. Tudo certo com a sementinha, agora era só crescer! Não fiquei completamente convencida. Fora os enjoos e o sono não havia nada que me fizesse sentir grávida. A bem da verdade, não havia nada que me fizesse sentir bem. E eu recriminava-me por isso. Não era suposto andar sempre a sorrir e feliz? Eu não tinha vontade de sorrir e muitas vezes nem de me levantar da cama.
Pelo final de abril, comecei a sentir ligeiras melhoras. O meu sono durante o dia já não era tão intenso e passei a conseguir alimentar-me melhor, apesar das naturais limitações por não estar imune à toxoplasmose. Por essa altura estaria grávida de aproximadamente 9 semanas. Entretanto, e após uma espera que me pareceu eterna, chegou finalmente o dia da ecografia na Maternidade. A simpática enfermeira informou-nos de que iriamos fazer o rastreio bioquímico e a ecografia morfológica do primeiro trimestre, dois exames muito importantes para despiste de doenças como a síndrome de down ou as trissomias 21 e 18. Eu ia animada. Sentia-me melhor e queria muito ver como estava a crescer a pulga, afinal de contas há já um mês que não tinha notícias. Primeira felicidade do dia: a ecografia já não é feita de perna aberta! Segunda felicidade: Assim que o médico encostou o aparelho à minha barriga eu vi-o. Cresceu tanto a minha pulga. Já mede 4 centímetros e pesa aproximadamente 5 gramas. Estava deitado aos pulinhos, a mexer as pernas como se não houvesse amanhã. Vimo-lo de todos os ângulos para comprovar que tinha todos os membros formados. E não falta lá nada. Ainda pudemos ver aquele nariz arrebitado que, tenho a certeza, é igual ao meu. O pai sorria, embevecido, como se fosse a primeira vez. Ainda olhei para ele uma ou duas vezes mas ele não tirou os olhos do ecrã. Estavamos felizes. Foi um momento mágico.
Daqui a 1 semana teremos de lá voltar porque o feto precisa crescer mais um bocadinho para que se possa fazer a medição da translucência da nuca, etc. Por isso no dia 17 lá estaremos novamente para o ver de novo. Nessa altura já terá 12 semanas, o que equivale aos 3 meses. A ecografia estimou como data prevista para o parto 28 de novembro. Pelo caminho o R. dizia “A Carolina tem o teu nariz arrebitado, estou tramado”. Eu sorri. Para ele é Carolina desde o primeiro dia. Ele atesta com convicção que sabe o que fez e não há nada que o convença do contrário. Gostava que ele tivesse razão. Eu sempre achei que vai ser um João Tomás. E quanto mais ele cresce mais me convenço disso. Mas seja o que for, agora já não é muito importante.



2 comentários:

  1. Carolina ou João Tomás, será o "nosso" primeiro rebento! :) Estou tão feliz por ti minha querida, muitos parabéns! Adorei este relato, é realmente fácil imaginar cada passo. Aproveita a experiência! :)

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  2. Obrigada por comentares minha querida, e por partilhares do meu entusiasmo :) Um beijinho muito grande.

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