quarta-feira, 18 de junho de 2014

7 MESES

O meu avô ameaçou várias vezes que se ia embora. Lutou desalmadamente, sujeitou-se a terapias terríveis e passou muito maus bocados nestes últimos 2 anos e meio. Perdi a conta das vezes que lhe supliquei ao ouvido que não se fosse embora, que lutasse ainda mais um bocadinho e que se deixasse ficar connosco por mais algum tempo. Ele fez-me sempre a vontade. Regressava a casa, mais morto que vivo, sem força, sem vontade, cansado. E nós, naquela ânsia doida de o recuperar, fazíamos o impossível. E quando melhorava, era um alívio e uma alegria porque sabíamos que tínhamos ganho mais umas semanas, ou meses, na companhia dele.
Nos últimos tempos, sempre que ele adoecia com gravidade, pedia-lhe que esperasse para conhecer a Carolina. Queria muito que ele a visse e que ela tivesse recordações com ele um dia mais tarde. Ele fez-me a vontade, mais uma vez. Esperou para conhecer a Carolina e nestes breves meses, sei que o coração dele se aqueceu com a presença dela.
Não tive oportunidade de lhe contar que a Carolina já pesa 7640gr e mede 65cm, que está no percentil 50 no peso e no 25 na altura, que já não é careca como ele e que já se põe de pé sozinha.
Mas agradeço-lhe por ter tido a paciência de esperar, porque a Carolina é uma lufada de ar fresco e ajuda-nos a encarar melhor estes dias sem vontade para nada, em que tudo custa a aceitar.




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