terça-feira, 17 de junho de 2014

ATÉ UM DIA...

O sorriso fácil, a doçura do olhar, as palavras engraçadas...
A minha memória preenche-se destes momentos. Quero guardá-los todos para nunca o esquecer. Porque só morre aquele que nunca viveu no coração de alguém. E no meu vai sempre existir um cantinho só dele, hoje apertado, consumido pela dor, pela mágoa, pela tristeza, e por uma profunda saudade.
O meu avô, que ontem perdi, trazia-me chocolates Mars à sexta-feira e comprava-me missangas nos Lóios, de tantas cores quantas eu pudesse imaginar, e contava-me histórias fantásticas de lugares onde nunca estive e ele já. O meu avô sabia palavras difíceis, que mais tarde vim a aprender o significado, e tinha muitos livros, com páginas amarelas, que cheiravam a antigo e eu adorava folhear.
O meu avô tinha 90 anos, era meigo e doce, tinha uma careca reluzente e uns olhos esverdeados que punham a Carolina aos saltos de alegria, entre o sorriso dele e as advertências de "não me mijes".
O meu avô vai-me fazer muita falta e por mais que tenha imaginado este dia, nunca suspeitei que fosse ser tão difícil, tão doloroso e tão triste.

Avô, não sei se to disse vezes suficientes, certamente algumas terei dito, mas gosto muito de ti.
Onde quer que estejas, perdoa-me e cuida de nós...


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