segunda-feira, 1 de agosto de 2016

MONTANHA RUSSA

Não gosto de nada que seja radical. Alturas, velocidades não são para mim. Ainda me recordo da primeira, e ultima, vez que andei numa montanha russa, e lembro-me que detestei sensação. Não gosto de instabilidade, de subir e depois descer vertiginosamente. Gosto de plano, de estabilidade e, sobretudo, gosto de coisas que sou capaz de controlar.

Esta semana foi uma verdadeira montanha russa. Além da Carolina ter adoecido, ainda tivemos direito a novos desenvolvimentos da novela "Iara".

Começam a faltar-me palavras para exprimir o que sinto. Ainda me continuo a surpreender com as atitudes da mãe, e com as coisas que diz a uma menina que só tem 10 anos e que não devia, não podia, estar a passar por isto! Já não sei se este estado de semi-loucura da mãe é recente, e consequência das agressões que tem sofrido, ou se de facto ela foi sempre louca e eu é que nunca tinha percebido.

Na quinta-feira perto da hora do jantar, o Ricardo estava a trabalhar no computador quando recebeu um e-mail da filha mais velha que dizia "papi, por favor liga-me". A chamada foi imediata e do outro lado a Iara não conseguia falar, sufocada pelas lágrimas. O pai pediu-lhe que se acalmasse e ela lá conseguiu articular, entre soluços, que a mãe lhe tinha dito que se ela quisesse ir viver com o pai, que fizesse as malas e fosse e pediu ao pai para a ir buscar. Quando desligou, olhamos um para o outro, incrédulos. (Que espécie de mãe é esta?!!!!)

O pai, desvairado, vestiu qualquer coisa e saiu disparado de casa. A distancia é longa e demora-se uns bons 15 minutos entre as duas casas. Quando lá chegou, encontrou a filha, na rua, sozinha, a chorar, com uma mochila às costas. Olhou para um lado e para o outro e nada. Não estava ninguém. A mãe tinha acabado de expulsar a filha de 10 anos de casa. (Que espécie de mãe é esta?!!!!)

Nesse dia quando chegou a minha casa, dei-lhe um longo abraço, e foi a última vez que a vi chorar. Aquela menina frágil com quem nem conseguia conversar, decidiu secar as lágrimas e fazer-se ouvir. Por iniciativa própria, e sem fraquejar, contou-me coisas que eu preferia não ter ouvido (do género da mãe lhe ter dito que ia tratar melhor a irmã do que a ela!!!) e, apesar de tudo, não me pareceu guardar rancor da mãe. Só disse que preferia estar com o pai. Percebi que ela queria falar e então fiquei ali a ouvi-la até a conversa mudar de rumo para as aventuras na escola. Conversei com ela até se cansar e aí pude ver o quanto ela sentia necessidade de falar, de ser ouvida, de ter atenção...

A mãe demorou apenas dois dias a mudar de opinião e no sábado, depois de expulsar a filha de casa, decidiu que afinal a criança não tinha quereres e exigiu que o pai lha entregasse como era suposto no domingo até às 21h00. Como a Iara manteve a posição e disse ao pai que não queria ir, o pai acedeu. Às 21h15 de domingo, a mãe estava à porta de nossa casa com a polícia para, uma vez mais, ver a filha negar-se a acompanhá-la e dizer aos polícias que queria ficar com o pai.

Novos desenvolvimentos esperam-se para breve. Por enquanto, a Iara está lá em casa. Vamos ver até quando.

Sem comentários:

Enviar um comentário