domingo, 22 de março de 2020

24 SEMANAS

Todos fazemos planos. Sonhamos, idealizamos, imaginamos como as coisas serão daqui a uma semana, um mês, um ano.

No dia 6 de novembro de 2019, quando descobri que estava grávida, comecei a pensar que daquele dia em diante, a vida ia ser diferente. Passamos os difíceis 3 meses, trememos ali às 12 semanas, mas seguimos firmes e depois disso fui andado, sempre ansiosa, sempre com receio. As contrações começaram às 17 semanas e instalaram-se em força. Há dias mais ou menos, outros maus, mas nunca dias tranquilos. Mesmo aqueles em que passo quase todo o dia deitada (às vezes até acho que piora).

Esta semana tive consulta. No meio deste caos do Coronavirus, que mata milhares todos os dias, acabei por me deslocar ao hospital que estava deserto, parecia um hospital fantasma. Corredores vazios, silêncio total, passos lentos de enfermeiros e médicos mascarados. Reinava a calma total.

Já dentro do consultório fiquei a saber que apenas 25 mm de colo do útero separam o Tomás do exterior. É o limite mínimo e sei que não é bom. As próximas 4 semanas são as mais críticas por isso suspeito que as vou passar com grande apreensão. Chegando às 28 semanas, o limiar seguinte são as 32, e a partir daí a probabilidade de tudo ficar bem é muito maior. Para quem vive sob a ameaça da prematuridade, cada dia que passa é precioso. Sei a teoria de cor, ainda está muito presente apesar dos quase 7 anos de separam esta gravidez da anterior. O medo está cá, mais do que nunca, ainda me falta muito para poder respirar com algum alívio. Da Carol fui internada com 26 mm de colo mas nessa altura tinha o colo muito mole. A única boa notícia é que agora está fechado e firme.

Tirando esse pequeno grande pormenor, o bebé está a desenvolver-se bem. Já pesa 647 gramas e mede, aproximadamente, 29 centímetros. Está sempre a mexer-se e não me causa nenhuma ansiedade porque sinto-o a toda a hora.

Os dias vão passando, lentos e pesarosos. Fechados em casa, sem boas notícias. As escolas estão encerradas, bem como a maioria das lojas e comércio. O estado de emergência dita que as pessoas não saiam de casa a menos que por razões estritamente necessárias. A maioria vai cumprindo, enquanto uma parte ainda significativa assobia para o ar. São os que nos hão-de condenar, esses que se acham mais fortes, mais espertos e mais importantes. Não aprenderam nada sobre o respeito. Não sabem que é obrigação de todos protegermos-nos uns aos outros.



#fiquememcasa


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