quinta-feira, 8 de agosto de 2013

PORQUE O FILHO É DA MÃE

9h10. Chego ao HCP para fazer as análises do segundo trimestre, que incluem a prova oral de tolerância à glicose. Às 9h25 já paguei e estou sentada à espera que me chamem para a colheita.
9h45 chamam-me para fazer a recolha. Muito rápida. Informam-me que tenho de esperar 30 min pelos resultados da glicemia em jejum para que o laboratório autorize a toma da glicose. Volto a sentar-me, ligo o tablet, procuro a rede wireless do Hospital mas é mais lenta que o meu avô. Desisto. Desligo o tablet e começo a ler um livro.
Às 10h23 vem a rapariga com o líquido para eu beber, com aquele ar contrito como se me estivesse a dar um veneno. "É assim tão mau", pergunto? Com um sorriso amarelo a rapariga responde "As pessoas costumam tolerar". Olhei para o frasco cor-de-laranja e pensei "Ok, isto deve ser uma m!*$?a". Demorei menos de 2 minutos a despachar os 75 gr. de glicose. Já dizia a outra que se tem de ser, pois que seja agora. A primeira impressão não é má. O líquido é muito muito doce mas não se bebe mal. A partir de meio custa um bocado porque o sabor se concentra mais. Mas não é tão mau como pensei.
O que custa é depois, aquela meia hora a seguir foi complicada porque só me apetecia beber 1 litro de água e aquele sabor doce parecia que me colava a garganta. Fiquei com dores de cabeça e resolvi encostar-me num banco e passar pelas brasas para ajudar a passar o tempo. Depois de uma hora que me pareceu interminável lá me chamaram para a segunda recolha. Por essa altura eram 11h25.
Ainda tinha de esperar mais uma hora pela terceira recolha. Lá me fui sentar novamente, já quase sem posição e consumi mais umas quantas páginas do livro que estava a ler. A meia hora final passou relativamente bem e finalmente vi-me livre daquele hospital.
Quando vinha embora lembro-me de pensar que os filhos têm mesmo de ser da mãe. Primeiro porque é inexplicável o elo que se cria entre os dois, é inimaginável o sentimento que se desenvolve por um filho. Depois, porque é a mãe que passa por todos os sacrifícios, desde os terríveis enjoos, às tonturas, prisão de ventre, cólicas, toques no colo do útero (que garanto, são bem desagradáveis), análises manhosas, 1001 receios e claro, esse momento culminante que é o parto. Depois de tudo isto, eu pergunto, como pode um filho ser de alguém que não da sua mãe?

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