NORMAIS NA APARÊNCIA. DEMASIADO COMPLEXOS NA REALIDADE.

22? 23 anos? Teria essa idade quando o diagnóstico chegou. Nessa altura, não sabia muito sobre a patologia e a minha natureza otimista (pelo menos costumava ser!), levou-me a relativizar e a pensar que o diagnóstico podia ser precipitado. Ele era muito pequenino, ia evoluir, (para melhor!), ia ser um adolescente normal, que falava, que gostava de dar chutos na bola e jogar Playstation. Era assim que o imaginava crescido quando, perto dos 3 anos, me disseram que ele era autista. Nessa altura não falava, quase não interagia com as pessoas e revelava traços comportamentais "diferentes do normal".

Esta é a história do meu primo. Tem quase 10 anos e é autista.

Não vê o mundo como nós, tem sentidos apurados e sensíveis. Incomodam-no as pessoas, o barulho e agitação. Fica nervoso, não se sabe exprimir. E grita, trinca as mãos como que a pedir "por favor façam desaparecer este mau estar".

Quem não souber que é autista, facilmente confunde aquela carinha bonita e traquina com um menino muito mal comportado e, para além de todos os obstáculos com que é preciso aprender a viver, para além de toda uma reestruturação pessoal e familiar que é necessário adotar, também é preciso explicar, uma e outra vez, que ele é autista e por isso tem, muitas vezes, comportamentos desadequados à idade. É preciso aceitar e aprender a ignorar, vezes sem conta, os olhares desaprovadores, os comentários ignorantes, a falta de sensibilidade geral. A triste verdade é que poucos entendem e a maioria prefere ignorar.

Porque hoje, dia 2 de abril, é o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, nós vestimos azul, a cor do autismo :) Gostaria de pedir que façam o mesmo, que falem sobre o assunto, se informem e que, de algum modo, ajudem a quebrar o estigma. Mais do que curar, é importante compreender!