segunda-feira, 27 de junho de 2016

DOS DIAS QUE CORREM

Os últimos dias têm sido atribulados. Fomos envolvidos num drama familiar, que embora não nos dizendo respeito, nos afeta e nos obriga a tomar uma posição. Descobrir que um casamento aparentemente normal é afinal uma enorme mentira, que por trás dos sorrisos se escondem discussões intermináveis, agressões físicas, ameaças e queixas crime é dose. Mais difícil é perceber que no meio desse ambiente podre, cresce uma criança. Uma criança que tenho como filha. Uma menina que não merecia ser colocada em segundo plano pela própria mãe. Uma mãe que, pelo conforto de estar em casa e viver à custa do marido, se sujeita a estar ao lado de um homem violento, colocando em risco a própria vida e, pior ainda, a vida das filhas.

Como é que é possível, hoje, ainda existirem mulheres que achem normal serem agredidas?
Como é possível que uma mulher tenha o discernimento de apresentar queixa contra o agressor para, passados apenas 3 dias, voltar para casa dizendo que afinal a culpa das agressões é dela e não dele?
Como é possível uma mãe sujeitar um filho a um ambiente destes?
Como é que eu posso compactuar com tudo isto?

Têm sido dias de muita ansiedade e de muito jogo de cintura. Pensamos mil vezes antes de abordar a questão, tentamos usar as palavras que julgamos certas, para que uma criança de 10 anos perceba que não a queremos afastar da mãe, mas antes protegê-la de um homem violento...

Estamos numa situação muito delicada. Por um lado não queremos contrariar a criança que, naturalmente, não se quer afastar da mãe mas, se permitirmos que volte para casa do agressor, vamos viver no medo constante. E uma vez agressor, para sempre agressor!

Por outro lado, nestes casos a lei é rigorosa. Basta uma queixa à CPCJ e a criança é retirada à mãe e entregue ao pai. A mãe só vê a filha na presença do pai. Corre ainda sérios riscos de lhe ser retirada também a outra filha. Ou seja, um desfecho demasiado radical que será sempre o último recurso.

O certo é que se algum dia ele maltratar a criança, nunca nos vamos perdoar porque sabemos que a culpa vai também ser um pouco nossa...

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