quarta-feira, 29 de março de 2017

DOS DIAS QUE CORREM

Foram 9 meses de luta. Dias de angustia, de incredulidade, de sentimento de revolta. Mas nunca perdendo o norte, o sentido do dever, daquilo que está certo. Porque todas as ações têm consequências e é preciso respirar fundo e pensar. Tem sido um exercício diário de autocontrole. Às vezes bem sucedido, outras nem tanto...

A Iara está a salvo. A salvo de um ambiente de agressão física e verbal a que nenhuma criança devia estar sujeita. A salvo de um ambiente familiar completamente desequilibrado, com uma clara inversão de valores. Tê-la em segurança era a nossa grande missão e está finalmente cumprida.

Falhamos outras, claro. Falhamos na missão de ter uma espécie de relação cordial com a mãe. Não foi possível. Tentamos, se tentamos! Mas ela está cega. Pela raiva, pela dor, pela infelicidade da vida que escolheu. Não foi capaz de voltar atrás. Não foi capaz de se afastar do homem que a colocou nesta situação. Não foi capaz de por a filha acima de todas as coisas, como seria de esperar. Foi alternando arrogância com cinismo o tempo todo. Escolheu o caminho da vingança em vez de ter inteligência para analisar as suas próprias ações. As ações que conduziram a este desfecho. E podia ter sido tudo tão diferente...

Optei por cortar relações com aquela família. Decidi há muito tempo que não quero hipocrisia na minha vida. Não sou capaz de esquecer nem perdoar tudo o que foi dito e feito. A polícia à porta de minha casa como se eu fosse uma criminosa. As difamações. A falta de consideração pelo tratamento que sempre dei à filha. O dinheiro e tempo que gastei em tribunais. Não esqueço nem posso perdoar.

E agora, é como um novo recomeço. Com mais um elemento em definitivo. Tentando transmitir-lhe os valores que lhe faltam, que já devia ter adquirido. Tentando fazer com que aprenda pelo exemplo da mãe, de como não deve agir, de tudo o que não deve ser. Sem saber como vai ser amanhã...mas com muita esperança de que nada disto tenha sido em vão.

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