domingo, 10 de novembro de 2013

8 DIAS

Os primeiros 8 dias de vida da Carolina foram um misto de emoções. Primeiro porque eu estava longe de casa há mais de uma semana, era o meu terceiro internamento e sentia-me exausta. Noites mal dormidas, saudades de casa, vontade de a conhecer e o tempo que teimava em não passar. Tive de sufocar as lágrimas muitas vezes, fazer-me forte quando na realidade me sentia absolutamente sozinha. Acariciava a barriga vezes sem conta porque estava ali a razão de tudo aquilo porque passei e a companhia que me fez durante todos esses dias intermináveis foi o meu grande alento. A Carolina sempre foi o bebé mais irrequieto da unidade. Enquanto as outras grávidas comiam pacotes de açúcar para os bebés se mexerem, a Carolina deixava-me frequentemente sem ar porque se mexia como se não houvesse amanhã. E senti-la era maravilhoso.
Só que todos esses dias no hospital tiveram efeitos em mim. Quando ela nasceu eu já estava exausta. Vinha de um longo e cansativo internamento e não estava preparada para a dureza do pós-parto. De repente, vi-me sozinha com um bebé minúsculo, que passava grande parte do tempo a chorar e a quem eu tinha de alimentar.
E foi terrível. A introdução à amamentação é muito difícil em alguns casos e no meu foi. Não tinha colostro quase nenhum e a bebé mal agarrava o peito. Na primeira noite ficou logo 5 horas sem comer. Depois, quando comia, estava eu mais de meia hora para conseguir com que agarrasse o peito. Era muito cansativo e frustrante e sentia-me muito desanimada. Durante o dia o R. tomava conta dela para eu poder descansar um pouco, tomar banho, mas de noite era festa rija. Na segunda noite não preguei olho. Ela chorava imenso e eu às voltas pelo quarto com ela sem saber o que fazer, em desespero, cheia de dores nos pontos e com as pernas e pés tão inchados que pareciam dois troncos.
Depois dessa noite, de manhã, tive um ataque de choro como não me lembro de alguma vez ter tido. Estava sufocada e sentia-me horrível por estar a chorar. Olhava para a Carolina e ainda me sentia pior. Porque raio chorava eu se tinha ao meu lado aquela bebé maravilhosa?
No fundo sabia que tudo seria melhor quando chegasse a casa. E tinha razão. Desde que chegamos pude começar a apreciar devidamente a minha bebé e a minha nova vida.
O R. tem sido um grande apoio e um pai incrível. Faz tudo, só não dá mama, o que me dá segurança e descanso. Dá-lhe banho, muda a fralda e veste-a com uma perícia que me deixa sempre surpreendida. O amor e o carinho com que trata a filha é enternecedor. Sinto-me ainda mais feliz por saber que, além do meu companheiro da vida ele é também o melhor pai que a Carolina podia ter.


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