sábado, 9 de novembro de 2013

FINALMENTE...CAROLINA

Devia começar a história com os acontecimentos anteriores ao dia 4 de novembro mas, sinceramente, nada disso importa. Uma nova e mágica página de história começou a ser escrita nesse dia e tudo o que conta é o que está para a frente.
Eram 9h20 do dia 4 de novembro de 2013 quando a enfermeira me veio buscar ao quarto para me encaminhar para o núcleo de partos. Eu mal tinha dormido com tanta ansiedade. Liguei ao R. para saber onde estava. Disse-me que estava a estacionar e quando lhe disse que já ia entrar para o núcleo atirou com o carro para cima de uma linha amarela e lá ficou. Chegou ao pé de mim com aquele ar de criança em dia de Natal. Os olhos brilhavam e tenho a certeza que esteve mais nervoso do que eu o tempo todo. Foi uma presença fundamental ao meu lado durante todo o dia.
O processo de indução foi iniciado às 10h00 da manhã. Não levei oxitocina no soro mas administraram-me prostaglandinas. Utiliza-se este método quando o colo uterino ainda não está dilatado. Estes fármacos ajudam a amadurecer o colo e às vezes estimulam contrações suficientes para desencadear o parto. Em boa verdade, as contrações começaram logo de imediato. Não eram muito dolorosas mas eram muito frequentes. Nas primeiras duas horas tive de ficar deitada e passou-se relativamente bem. Depois mandaram-me andar no corredor e lá fui eu. Essa parte foi dolorosa porque começou-me a doer muito uma perna (disse a médica que era dor ciática). Às 13h00 tinha 3/4 dedos de dilatação e estava a correr tão bem que a médica disse logo que a bebé iria nascer nesse dia. Entretanto, as contrações começaram a apertar e perto das 16h00 já tinha tantas dores que só me apetecia chorar. A médica veio avaliar e ainda estávamos nos 4/5 dedos, por isso resolveu rebentar-me as águas. Nessa altura fiquei desmotivada e pensei que sem epidural ia ser um sofrimento insuportável. Não foi preciso pedir. A médica olhou para a máquina que regista as contrações e teve pena de mim porque viu que eram realmente muito fortes. Lá fui para a sala de partos, cheia de dores e com cara de desenterrada. Levar a epidural foi fácil para mim, mas admito que é difícil controlar as contrações porque temos de estar completamente imóveis durante o processo. Mas superei a prova com distinção e por volta das 16h30 eu já não sentia nada. Foi como se tivesse chegado ao céu. Foi nessa altura que pude apreciar as condições do espaço onde estava. Uma sala altamente equipada, tudo novo e com muito pessoal. Ao longo das 7 salas de partos entravam e saiam com frequência médicos, enfermeiras, parteiras e auxiliares. Gostei da dinâmica, gostei dos equipamentos, gostei da segurança que nos transmitiam, gostei da simpatia, da atenção com que nos tratavam. Em boa verdade gostei de tudo e voltava a escolher a Maternidade para a Carolina nascer.
Como se tratava de um bebé com restrição de crescimento, a monitorização foi mais apertada e introduziram-me uma sonda interna. Assim ficamos até às 20h00, altura em que foi feita nova avaliação. Como continuavamos nos 5 dedos o médico disse que só ia esperar pelas 21h00. Se o processo não avançasse seguia para cesariana. Fiquei muito triste. Queria muito que fosse parto normal, queria passar por essa experiência e não estava preparada para a cesariana. Mas enfim, dadas as circunstâncias, tive de começar a preparar-me para a ideia e passado meia hora já nem pensava no parto normal. Estava mortinha por que chegassem as 21h00 para despacharmos o assunto. Sentia uns puxos muito leves lá em baixo e comentei com o R., que resolveu chamar a enfermeira. Eram 20h45. A enfermeira, do mais atencioso que já vi na vida, fez nova avaliação, sorriu e disse "a dilatação está completa", a Carolina vai nascer de parto normal. A minha reação foi "está a brincar?". Aquilo parecia-me tão surreal e estava já tão mentalizada para a ideia da cesariana que o meu coração disparou de tal maneira que até as máquinas começaram a apitar. Fiquei com tanta adrenalina que o meu corpo tremia todo. Mas sentia-me confiante e ouvi as instruções da enfermeira para fazer o meu trabalho direitinho. Entretanto desligam-me a epidural para que pudesse sentir as contrações. O processo foi rápido, segundo elas porque eu fiz o meu trabalho de forma exemplar. Fiz o que pude e agarrei-me à minha determinação, Era aquilo que eu queria por isso não podia falhar. Em 3 ou 4 puxos a miúda já tinha a cabeça à porta. "Tem cabelo preto" dizia uma enfermeira. "Como é possível?" dizia eu. "Tanto eu como o pai éramos carecas à nascença", argumentei, ao que o R. responde "Tu é que sabes o que andaste a fazer". Naquele momento ainda deu para nos rirmos um bocado. À nossa volta estava uma médica, que fez o parto, duas enfermeiras e uma auxiliar. Foram entrando e saindo outras pessoas entretanto, a maioria delas para me ver puxar. A minha fama de boa puxadora espalhou-se pelo núcleo de partos e até tive direito a assistência e clube de fãs ;) No último puxo a cabeça saiu e mandaram-me parar de fazer força. Cordão umbilical à volta do pescoço. A médica foi de uma destreza incrível e não me apercebi do que estava realmente a acontecer. Em instantes ela cortou-me, cortou o cordão e literalmente arrancou a bebé. Houve ali um minuto de agitação. Percebi que ela não chorava e que entrou uma pediatra e mais uma enfermeira na sala. Balão de oxigénio para a frente e para trás e finalmente ouço a bebé tossir. Estava branca como cal e mal se mexia. Pergunto à pediatra se está tudo bem e não me responde. Verifica as saturações e depois de uns instantes que me pareceram eternos lá me disse que estava tudo bem. O R. percebeu que algo não estava bem e comentou mais tarde comigo que se sentiu mal e teve de se sentar quando viu a bebé assim.
2725 gramas e 46,5 cm de comprimento. Era este o tamanho da minha flor ao nascer. Deitaram-na no meu peito e assim ficou durante 1 hora enquanto a médica terminava o trabalho. Eu fiquei ali a olhar para ela, completamente apaixonada. Vi-a começar a ganhar cor, abrir lentamente os olhos e começar a mexer-se tal como fazia na minha barriga. Esteve em perigo a minha filha e nem me apercebi. Percebemos mais tarde que tinha sido reanimada.
Com cinco dias de vida, a Carolina tornou-se o amor da minha vida. É a filha dos meus sonhos, não a imagino mais perfeita ou mais bonita. Tem uma boca que parece desenhada, um narizinho de barraca muito engraçado e uns olhos enormes que ainda não percebi bem que cor vão ter. Faz carinhas engraçadas e sorri. Até quando chora é linda. A Carolina é luz, é alegria e felicidade. É maravilhosa e sinto-me a pessoa mais feliz do mundo por a ter na minha vida.

1 comentário:

  1. Sis a ler o teu post fiquei completamente deslumbrada ;) és uma corajosa como sempre foste e serás ;) O comentário do Amorim só podia ser dele mm lolol mt bom ;) Fico mt feliz por ti e parabéns aos papás pelo inicio de uma "nova" família feliz ;) Bjinhos p 3

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