quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

DAS COISAS QUE EU PENSO

Fui almoçar ao Arrábida Shopping. Dei umas voltas para ver umas coisas que precisava e depois dirigi-me para a Praça da Alimentação. Escolhi o que queria almoçar e fui para uma mesa livre. Sentei-me e durante breves instantes fiz uma coisa que adoro: observar pessoas à minha volta.

Numa mesa alguns metros à minha esquerda estava uma mulher, com os seus 50 anos, a comer batatas fritas. Mascava a batata com a boca aberta enquanto se ria para a filha, que era a cara chapada, e que comia exatamente da mesma forma que a mãe. Deu-me uma náusea. Poucas coisas me incomodam como ver comida às voltas dentro da boca. Desviei o olhar para não perder o apetite.

À minha direita estavam 5 bebés, em mesas diferentes, acompanhados dos pais. Todos com menos de um ano, ainda mal seguravam as costas. Ainda me perguntei o que faziam crianças tão pequenas no centro comercial àquela hora mas depois pensei que podia ser pela proximidade do Hospital da Arrábida. Consultas e tal...dei o benefício da dúvida.

Mais à frente estava um miúdo, com a cabeça cheia de caracóis. Chamou-me a atenção porque estava a berrar e a mãe com ar de terror a tentar controlá-lo. Devia ter 3 ou 4 anos mas conseguiu por o shopping todo a olhar para ele, tal foi o escândalo que fez. Há uns anos atrás eu teria pensado que se fosse meu filho lhe enchia o rabo de porrada e estava o assunto resolvido. Mas as coisas não são assim. Tive pena daquela mãe e não a recriminei. Por experiência já aprendi essa lição.

Eram já 14h00 e as mesas estavam quase todas cheias. Pessoas jovens a chegar para almoçar com o ar mais descontraído do mundo e eu atrasada para ir trabalhar! E agora eu pergunto: só eu é que trabalho? Às vezes fico com essa sensação. De manhã quando levo a Carolina à escola, reparo que mais de metade das pessoas vão em fato de treino levar os filhos. Muitos nem a cara lavaram. Outros vão completamente desgrenhados. Até já vi uma de chinelos! Não posso crer que seja malta que trabalha. Não pode ser! É malta com rendimentos mínimos, baixas, subsídios de desemprego ou mulas a viver à custa dos homens. E acabo por ter pena delas. Pena por terem uma vida vazia, sem objetivos, sem metas. E penso que a nossa sociedade é muito mais retrógrada e atrasada do que aquilo que quer fazer parecer. E que há muita gente inútil neste país de gente malandra...

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