O dia amanheceu escuro e chuvoso. Durante a noite ouvi a chuva bater com insistência na minha clarabóia. Não gosto de chuva. Não gosto do frio, nem do outono, nem do inverno.
Se estivesse a trabalhar por esta altura estaria a ficar neurótica com a aproximação da mudança de hora. Custa-me tanto aceitar que durante largos meses, às 18:00 vai ser noite...
Como estou em casa, quando escurece nem sei bem que horas são, por isso não me faz grande diferença. Aliás, quase nada me faz diferença aqui presa nestas quatro paredes. O mundo segue lá fora e eu não o acompanho.
Este ano, curiosamente, quanto mais o tempo piora, mais eu me animo. É sinal que está para breve a chegada da minha pequena. Não gostava que ela nascesse no outono, tinha em mente uma coisa assim mais agradável, tipo primavera ou verão. Nunca pensei que da teoria à prática as coisas se tivessem desenrolado tão depressa e, quando me dei conta, a Carolina chegava no outono desse mesmo ano. Não tive grande tempo para me adaptar à ideia, nem para me sentir frustrada, porque foi mesmo à primeira tentativa.
A única coisa que me anima no outono é a chegada breve das castanhas assadas. Andar pela rua e sentir o vento fresco do frio que se aproxima, ver ao longe um assador de castanhas, comprar meia dúzia delas e devorá-las ali mesmo.
Hoje, é a memória das castanhas assadas que me invade o pensamento. Quase lhes consigo sentir o cheiro delicioso. E fico a pensar que já só falta 1 mês e meio para a minha vida mudar para sempre...
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